2 de dezembro de 2007

curtas
02

O ser encostou-se à primeira criatura dotada de reservas que encontrou. Já havia feito assim outras vezes e sabia que dava certo. A criatura no começo não reparou. Depois, aceitou, com esperanças de transformar a doação em troca. Foi mal-sucedida. Um dia, deu-se conta de que estava fraca – deixara-se sugar além do limite. Em tempo, extirpou a ventosa que lhe bebia as energias. Sangrou, mas deu para estancar. Seguiu adiante com as costas marcadas – a cicatriz deu quelóide – mas o que vale é que seguiu.

Nunca mais teve notícias do sugador. Há quem diga que é bicho, outros, que é fungo; o ser sente-se humano, não importa. Seja o que for, seu destino é parasitar.

9 comentários:

KImdaMagna disse...

tens em ti o feroz bater das pálpebras- uma arte.
A vda passa te rente.
meus dedos folheam te as palavras
e um longo segredo impessoal.
uma forma ( não bajulação) de dizer como gosto dos teus ditos.
creio, cadavez que te leio,
teres nascido do jitongo.
se sim seremos irmâs.
Abraço.

jitongo-semente do Imbondeiro

Unknown disse...

...sanguessugas demoram, mas morrem. O problema é que é a gente que tem que matar.

Unknown disse...

nossa......forte hein rê...mais é a mais pura verdade....as vezes omais dificil é esquecer que ja existiu um parasita em vc....porque quer queira ...quer nao.......a queloide vai estar junto a ti....pra sempre!!!!

Anônimo disse...

que kafkiano! Ótimo, Rê

Mariana disse...

Vim, vi e gostei demais.
Ah, esses parasitas...
Bjo.

Rê Piza disse...

Kimdamagna, talvez eu tenha mesmo vindo das sementes de inbomdeiro! Gostei dessa imagem! ;)
É, Thais, a gente que tem que matar...essa é a parte difícil...
Mas, JK, não existe vida sem cicatrizes e quelóides. Acho que elas são tão importantes quanto as alegrias. Se tudo fosse flores, a gente nunca cresceria (e não há nada mais deprimente do que o adolescente tardio, aquele sujeito de 30, 40 anos que insiste em viver como se ainda tivesse 19, não é não?) ;)
Nossa, Fabinho, é total kafkiano, mas só me liguei depois de vc falar, sabia?!!
Oi, Mariana! Venha sempre! Também adorei sua "outra casa". Tenho batido ponto lá direto!

Beijos pra todo mundo!

Anônimo disse...

Re

Gostei muito do texto: enxuto, objetivo e "metaforico". Tem talento para a cronica.
Quando eu crescer, quero ser igual a voce. Vc me ensina? rs
Parabens!

Beijos, da nova colega de trabalho

Ilis disse...

muuuuuuuuuito bom.
:)
minha dica é pisar seres assim com o chinelo, feito barata _sem querer ofender as baratas, claro.

Rê Piza disse...

RO, obrigada. rsrs, ensinar? quem sou eu...tô aprendendo, amore!

Boa, ilis! Mas antes de qualquer coisa é preciso recuperar as energias, não é?! :)