Há muito tempo eu não sentia tanto sono no cinema. Comecei a pescar lá pela metade do filme. Sabe aquela coisa de voltar à consciência quando sua cabeça está no meio do caminho entre a vigília ereta e o cochilo sobre o próprio ombro?
Tenho pânico de dormir em público desde aquele dia em que vi um cara babando no metrô. Todo mundo baba, mas foi nojento, coitado. Sua baba escorregava num fio que descia em câmera lenta da boca até o ombro. Levou uns dez segundos e eu nunca mais me esqueci. Quando a baba encostou no ombro ele acordou, limpou-se e deu uma olhadinha em volta, com cara de quem pede pelo amor de Deus pra que ninguém tenha visto seu momento de intimidade babenta no vagão lotado. Olhei pro teto em respeito à vergonha alheia, mas a baba daquele sujeito ficou gravada na minha memória.
Foi essa lembrança que me manteve acordada no cinema. Em nome da minha dignidade pública, não dormi assistindo O sonho de Cassandra. Ainda bem que eu pago meia.
Tenho pânico de dormir em público desde aquele dia em que vi um cara babando no metrô. Todo mundo baba, mas foi nojento, coitado. Sua baba escorregava num fio que descia em câmera lenta da boca até o ombro. Levou uns dez segundos e eu nunca mais me esqueci. Quando a baba encostou no ombro ele acordou, limpou-se e deu uma olhadinha em volta, com cara de quem pede pelo amor de Deus pra que ninguém tenha visto seu momento de intimidade babenta no vagão lotado. Olhei pro teto em respeito à vergonha alheia, mas a baba daquele sujeito ficou gravada na minha memória.
Foi essa lembrança que me manteve acordada no cinema. Em nome da minha dignidade pública, não dormi assistindo O sonho de Cassandra. Ainda bem que eu pago meia.