31 de agosto de 2008

Do suicida na torre aos peladões no parque francês,
pílulas da semana

Tenho um profundo respeito pelos suicidas em geral, mas na quarta-feira passada, quando teve gente levando três horas para fazer um caminho com que gasta 20 minutos, não deu pra segurar qualquer compaixão pelo sujeito que ameaçou pular de uma torre de energia da Eletropaulo. A empresa teve que desligar a rede elétrica de uma região da cidade para os bombeiros resgatarem o homem. Quando as avenidas ficaram atravancadas pela falta de sinal, os amarelinhos da CET apareceram, apitando e gesticulando sem parar, na tentativa de controlar a profusão de nervos motorizados que buzinava, enlouquecida. Parecia o fim do mundo. Dizem que quase meio milhão de pessoas foram afetadas – quem ficou parado no trânsito jura que pareceu mais. Por fim tudo acabou bem, o homem foi resgatado e no dia seguinte virou até manchete, com um apelido novo: “homem apagão”. Será que todo desespero é conseqüência de uma completa falta de amor?

E se me perguntassem o que é o amor, eu diria que é essa coisa que ligava dona Stella Maris e seu Dorival – o Caymmi, aquele mesmo. Nessa quarta-feira que passou, onze dias depois de ele ter partido, ela foi também. Setenta anos de vida em comum fazem de duas pessoas uma só e, se ninguém segue adiante pela metade neste mundo, parece que no de lá também não. Caymmi veio, todo de branco e bem disposto, chamar sua musa de pseudônimo Stella pra fazer poesia estelar.

E por falar em óbito, a agência de notícias Bloomberg deu uma bola fora capaz de derrubar mercado: publicou em seu site o obituário do presidente da Apple, Steve Jobs. Como se não bastasse, o texto ainda trazia nome e telefone de gente importante para repercutir a ida sem volta do executivo – quando ela acontecesse. Ele enfrenta problemas de saúde, mas é de praxe nas redações deixar prontas as biografias de personalidades mesmo quando vão bem. Sempre que acontece algo de novo na vida da pessoa, alguém vai lá e atualiza as informações. É por isso que especiais sobre a trajetória de gente importante vão ao ar rapidinho quando alguém passa dessa pra próxima. Sabe-se lá por quê, alguém pôs no ar o obituário do homem, que continua vivo e fazendo fortuna só de respirar.

Mudando de assunto – este post tá meio mórbido –, MacCain anunciou quem será sua candidata a vice pelo partido Republicano: uma tal Sarah Palin, ex-prefeita da cidadezinha de Wasilla, no Alasca – onde aos vinte e poucos anos foi miss – e atual governadora daquele Estado. Tem 44 anos, cinco filhos, é contrária ao aborto e é membro da National Rifle Association, organização que defende o direito ao porte de armas. Para completar o perfil, a candidata está sob investigação parlamentar no Alasca e um de seus filhos embarca como soldado para o Iraque no mês que vem. Sua figura somada à de MacCain, veterano de guerra, pode sugerir um prognóstico com cheiro de queimado.

Enquanto nos EUA as coisas caminham assim, meio para trás, meio esquisitas, a Europa vem com mais uma idéia pra frentex. A Apnel (Associação para a Promoção do Naturismo em Liberdade) está lutando para legalizar a permanência de peladões em locais públicos na França – ou, “fazer com que a nudez deixe de ser caracterizada como exibicionismo sexual, pelo menos fora dos centros urbanos”, segundo matéria da BBC Brasil. A presidente da Apnel explica que a associação foi criada “justamente para prestar auxílio financeiro” a quem é flagrado pela polícia passeando no parque peladão.

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei deste clipping da semana. Não tinha lido sobre o Steve Jobs. Já entrou para o histórico das maiores gafes jornalísticas. E discordando: sinceramente, não tenho respeito algum pelos suicidas, independente dos motivos, contextos e intenções. Ou vc é o Zumbi ou continue por aqui