18 de maio de 2008

Sono, saliva e meia-entrada

Há muito tempo eu não sentia tanto sono no cinema. Comecei a pescar lá pela metade do filme. Sabe aquela coisa de voltar à consciência quando sua cabeça está no meio do caminho entre a vigília ereta e o cochilo sobre o próprio ombro?

Tenho pânico de dormir em público desde aquele dia em que vi um cara babando no metrô. Todo mundo baba, mas foi nojento, coitado. Sua baba escorregava num fio que descia em câmera lenta da boca até o ombro. Levou uns dez segundos e eu nunca mais me esqueci. Quando a baba encostou no ombro ele acordou, limpou-se e deu uma olhadinha em volta, com cara de quem pede pelo amor de Deus pra que ninguém tenha visto seu momento de intimidade babenta no vagão lotado. Olhei pro teto em respeito à vergonha alheia, mas a baba daquele sujeito ficou gravada na minha memória.

Foi essa lembrança que me manteve acordada no cinema. Em nome da minha dignidade pública, não dormi assistindo O sonho de Cassandra. Ainda bem que eu pago meia.

Reforma

Reformei o blog. Deu o maior trabalho...

Precisava escolher uma imagem para o fundo do título. Pega aquele cartão com O nu deitado, do Picasso, grava no formato certo, põe. Ficou grande, volta e grava menor, copia, baixa no blog, ok. Agora, muda a cor da letra do título, preto tá feio, tenta o laranja. Bom, melhor laranja, agora sim, combinou. Aumenta letra, dá pra alinhar à direita? Comandos, comandos, não, não deu. Deve dar, mas não sei como faz, tudo bem, deixa assim. Pinta o fundo da barra do título pra ficar igual à cor do fundo do blog, cinza clarinho. Pronto. Ficou bom, mas sobraram bordinhas. Saco, como faz pra apagar essas bordinhas? Não sei, deixa assim com bordinhas, são pequenas, são micro-bordinhas.

Agora põe na data dos posts o laranja também, esse cor de vinho não tem nada a ver. Pronto. Agora o ladinho ali. Adoro Gotan Project, mas enjoou faz tempo essa capa do CD ali do lado. O que eu vou por? Fotos. Quais? Não quero fotos minhas, são todas coloridas, quero fotos em preto e branco. Ah, tem as da exposição do Pierre Verger, O Japão de Pierre Verger. Procura. Achei. Corta uma por uma, carrega, acha links, baixa no blog. Ficaram grandes. Volta, diminui, mas tem que deixar todas na mesma largura. Ufa, deu certo. E deu trabalho. Mas é assim mesmo, né, mudar dá um trabalho...

10 de maio de 2008

Meu diploma da Nasa

Fiquei toda empolgada quando li que a Nasa fez um site onde a gente pode escrever nosso nome para ser levado à Lua pela próxima missão, que deve chegar por lá no fim do ano. Comentei com o Luiz, meu amigo.
- Você viu que legal? Tem um site em que a gente pode escrever o nome pra Nasa gravar num chip e mandar pra Lua!
Ele riu.
- E...? Pra que mandar o nome para a Lua? – o Luiz é o cara mais prático que eu conheço.
- Pra nada, ué, pra mandar pra Lua só. Se eu não posso ir pra Lua, pelo menos meu nome vai...
Ele riu mais.
- ...ou, de repente daqui mil anos a Terra nem existe mais e algum ET encontra, perdido no meio do lixo estelar, um chip com milhões de nomes...eu quero que o meu esteja lá. Você não quer?!
Ele respondeu, prático:
- Não.

Eu devia ter uns dez anos quando deitava na grama de um sítio e passava horas com meu pai olhando o céu de Águas de São Pedro. A gente conseguia enxergar cada meteoro que rasgava o céu: estrela cadente. Fechava os olhos e fazia pedido. Eu pirava olhando aquele universo imenso, sem começo nem meio nem fim. Nessa época, queria ser astrônoma.

Mandei meu nome para a Nasa. Espero que eles mandem mesmo o tal chip para o espaço. Ganhei até diploma, com número de registro e tudo, ó:

9 de maio de 2008

Jogo das 8 coisas

A Simone, do Locutório, passou essa tarefa há quase um mês: listar 8 coisas que eu gostaria antes de morrer. Demorei, mas consegui:

- Tocar piano tão bem quanto vovó
(essa vontade é da categoria das impossíveis porque demorei. Ninguém que aprenda piano aos 30 vai tocar Pour Elise como se fosse Chopin)

- Uma casa em Guaecá com quartos suficientes pra acomodar um monte de gente ao mesmo tempo

- Uma horta onde eu possa plantar beterrabas e alface crespinha

- Passar um ano na França

- Conhecer Cabul e Bagdá (é sério, quero)

- Parar de fumar para sempre

- Voar de balão (dentro da cestinha e com alguém que entenda do riscado pra garantir que eu volte)

- Me apaixonar todo ano pelo mesmo cara

Agora eu indico oito pessoas pra realizar a tarefa. Cada uma terá que indicar mais oito e assim, sucessivamente, a gente vai fazendo uma enorme corrente virtual de desejos. Os escolhidos são o
Ricardo C., o Cacau, a Jovana, a Sabrina, a Carol, o Kimda, o Alê e o Guilherme.

6 de maio de 2008

Até o capeta tem coração

O fim de Saddam Hussein todo mundo sabe. Sua trajetória e a prévia de seu fim, acuado, entocado feito bicho, sujo, imundo e sozinho, também. Hoje, no entanto, outra faceta do sujeito foi revelada.

É que um jornal árabe publicou partes de um certo diário que Saddam teria escrito enquanto esteve preso. Entre tantas pirações – ele tinha medo de pegar aids caso suas roupas fossem postas no varal junto às dos soldados americanos –, ele deu mostras de lirismo, acredita? O sujeito escrevia (ou achava que escrevia, não sei, não li) poemas!

Segundo quem leu os versos, dirigidos a uma anônima, sua poesia era imatura e enjoativa – mas tudo bem, o que vale é a intenção.

Fiquei pensando: que coisa, até o capeta tem coração...